A estudante Isadora Szklo, 19 anos, enviou um relato bastante preocupante para o blog do Rovai sobre uma situação que viveu nesta semana no Pinheirinho.
Aliás, se a situação é ruim ela pode ficar pior, porque a mídia (incluindo a independente) que cobria o caso, já deixou o local.
Os moradores agora estão à mercê do governo do estado de da polícia.
Segue o relato de Isadora:
“Fomos hoje entregar as muitas doações para as famílias desalojadas na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Ao chegar próximo do local, notamos uma grande movimentação e vimos que os ex-moradores estavam sendo removidos da Paróquia, a pedido do Padre, e sendo encaminhados para outro lugar, um ginásio, a 4 km dali. Quatro quilômetros percorridos por eles no sol de 35 graus, a pé.
Chegando ao ginásio, a Prefeitura estava tomando conta do local e a PM estava cercando, coisas que não haviam ocorrido na Igreja. Entregamos nossas mais de 15 sacolas enormes com doações de roupas, comida e itens de higiene à Juliana, que era quem estava organizando, na medida do possível, tudo lá dentro.
Passamos por cima da grade, pois a Prefeitura estava bloqueando a porta para cadastro, e resolvemos ir ao mercado para comprar o valor de mais uma doação. No caminho vimos uma senhora convulsionando e as autoridades se recusando a chamar ambulâncias. Então a PM a colocou num carro e saiu, na fúria. Várias pessoas passaram mal devido a péssima ventilação do ginásio. A ambulância se recusou a ajudar em vários momentos. E a PM também.
Voltamos do mercado e fomos procurar nossas doações. Juliana, a organizadora, nos contou que se distraiu por um minuto, e quando foi ver, a prefeitura estava levando as doações em uma viatura.
Fui questionar os agentes da Prefeitura lá presentes. Eles negaram, me chamaram de louca, mentirosa e disseram que não tinham visto nada chegar e que não roubariam os miseráveis. Ao me ver peitando tais agentes, um guarda da GCM (Guarda Civil Municipal) veio com a mão em sua arma e falou: “Você está fazendo uma acusação, fica esperta se não vai ter consequência”.
Ficamos lá por mais um tempo procurando as doações. E eles negaram até o fim que a gente tivesse entregado algo e insistiam que eu estava mentindo.
Pra piorar, serviram comida estragada aos abrigados. Linguiça verde e feijão amargo.
No Pinheirinho, vai tudo de mal a pior.Enquanto isso...
O jornal Fôia seca, "inexplicavelmente", não liberou para o público em geral a matéria – restrita aos assinantes- em que se registram as críticas da Presidenta Dilma Rousseff à expulsão dos moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos.
Evidente que, pela função presidencial, não caberia discursar contra a Justiça e o Governo do Estado de São Paulo, pelas implicações institucionais que isso traria.
Mas, numa reunião com os movimentos sociais, a Presidenta disse o que pensava: “A Folha ouviu seis participantes do encontro. Segundo eles, Dilma se referiu à operação da Polícia Militar paulista como “barbárie” e disse que não esperava que ocorresse dessa maneira.
Falou ainda que o modelo usado na reintegração, realizada no domingo passado, nunca será adotado pelo governo federal.
Mas, ainda segundo os espectadores da reunião, a presidente disse que o país é uma federação e que o caso estava sob responsabilidade de um Estado e do Judiciário, o que limita a atuação do governo federal.”
Dilma deu o seu recado, na dose “Pinheiro Machado”: “Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo!”
A barbárie de Pinheirinho, como a “blitz” da Cracolândia são escaramuças. Vão tentar atrair a esquerda brasileira para a armadilha de se apresentar como patrocinadora da desordem, da ilegalidade.
Nós temos um governo, que trava batalhas que nós não podemos travar, sozinhos.
Mas há batalhas que só nós podemos travar, não o Governo.
A solução...
O Ministério das Cidades fará até um levantamento dos terrenos da União que podem ser usados para habitação de interesse social para a construção de moradias para as famílias desalojadas na reintegração de posse em Pinheirinho, São José dos Campos (SP). A previsão [é de que o levantamento seja feito até a próxima quinta-feira (2), por meio, por exemplo, do Programa Minha Casa, Minha Vida.
A informação é do secretário de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos, que participou hoje (27) da reunião no Palácio do Planalto para discutir o assunto.
O governo também decidiu que a Advocacia-Geral da União (AGU) fará um levantamento da dívida que a massa falida da Selecta, dona no terreno Pinheirinho, tem com a União. A ideia é executar a dívida e usá-la para a aquisição de parte da área de Pinheirinho, para assentar as famílias despejadas.

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