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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Enquanto isso no alojamento do Pinheirinho...






- Tem animal misturado com criança. Cachorro com sarna, criança com piolho, tudo no mesmo ambiente. Além disso, só as crianças têm lanche: um toddynho quente e bolacha. Os idosos, nem isso. Há um trauma visível naquelas pessoas. Famílias sem seus pertences, gente que muitas vezes perdeu seu emprego informal. E ninguém está tendo atendimento psicológico ou médico.
A cena  que  a promotora Ivana Farina, do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, viu no alojamento onde estão milhares de seres humanos retirados do Pinheirinho não desperta ações imediatas do poder público em São Paulo, do prefeito e do Governador a quem compete tomar providências. E nem de perto tomam, com a urgência e o aparato que mobilizaram para desocupar a área.
Será isso que o presidente do PSDB, Alberto Goldman, chama de “politização do episódio”?
Há uma semana, este senhor disse, em nota oficial, que “O governo de São Paulo agiu em cumprimento de determinação do Judiciário, e a operação foi comandada diretamente pela Presidência do  Tribunal de Justiça paulista. Enquanto o governo federal só agride, o governo paulista e a prefeitura do município providenciam a ajuda necessária para minorar o sofrimento das famílias desalojadas.
O único sofrimento que rapidamente foi minorado foi o dos donos do terreno, que não tiveram de esperar o tempo necessário para uma solução pacífica da questão.
E que não devem ter comemorado a presteza da Justiça e do Executivo paulista – que moveram uma custosa máquina de repressão – tomando toddynho com bolachas, é claro.
Por tijolaço, o blog do Brizola Neto.


O HOMEM BALEADO PELA GCM





O Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana, da Defensoria Pública Estadual  e do Ministério Público Estadual (Condepe) promoveu na última segunda-feira mutirão nos galpões e igreja, que abrigam os moradores despejados do Pinheirinho. Aproximadamente 90 pessoas, entre conselheiros do Condepe, parlamentares e entidades de direitos humanos participaram.


“O que mais me chamou a atenção foi o caso do rapaz de 30 anos, baleado pela GCM [Guarda Civil Municipal]; está com a perna esquerda paralisada e corre o risco de ficar com sequelas”, denuncia o deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo. “Se passaram nove dias e ele não foi ouvido nem tinha feito exame de corpo de delito.”


O rapaz é David Washington Furtado, 30 anos, natural de Recife, funcionário terceirizado da Prefeitura (calça ruas, assenta sarjetas e calçadas) e agora ex-morador do Pinheirinho. Foi baleado, na área externa do acampamento, quando se dirigia junto com a esposa (Laura)  ao posto de atendimento da Prefeitura para se cadastrar.


“É a história mais escondida de São José dos Campos”, observa Adriano. “Depois de balear David pelas Costas, a GCM atirou nele, de novo, quando já estava caído no chão. Uma barbaridade.”


Foi o próprio David que contou isso a uma comissão, que o ouviu  num dos leitos do Hospital Municipal de São José dos Campos, onde está internado.


Integrada por Adriano Diogo, Carlinhos Almeida (deputado federal PT-SP), Renato Simões (conselheiro do Condepe), Ivan Seixas (presidente do Condepe) e Antonio Donizete (advogado dos moradores do Pinheirinho), a comissão levou canseira de uma hora e meia da direção do hospital, administrado pela SPDM, para entrar no quarto de David. Não teve acesso ao prontuário, apenas  conversou com os  médicos.


– Ele vai ficar paraplégico?

– Não sei ainda. Acho que não, ainda não deu para fazer a eletroneuromiografia.


– Lesionou a medula espinhal?

– Ela não foi seccionada, mas o sistema periférico da vértebra está comprometido. Tanto que ele não consegue mexer a perna esquerda.


– Mas ele vai voltar a andar sem problemas?

– Não sei se vai dar ou não.


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